Por Rafa Tayão
Você tem um relacionamento amoroso, mas acha que pode sofrer uma traição a qualquer momento? Vive brigando, tomando conta do outro, tentando encaixar as fantasias criadas na sua mente a tudo o que acontece? Essas são algumas das características de um típico ciumento compulsivo. Como reconhecer se você é um deles?
Características de um ciumento compulsivo
De acordo com o psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Breno Rosostolato, o ciúme está atrelado a uma possível traição sexual, com isso, a insegurança sempre está presente. "Não me refiro somente à ameaça de perder o outro, mas perder para o outro. À medida que nos relacionamos, nos deparamos com nossa impossibilidade de aniquilar a autonomia da pessoa que se ama e não aceitamos essa independência. Sendo assim, ao encontrar um adversário em potencial, comparamos nossas qualidades e defeitos com os dele e verificamos as desvantagens que colocariam em risco nossa posição hegemônica na relação cultivada", explica ele.
Outra característica do ciumento diz respeito às fantasias que ele cria na sua própria mente, sendo assim, ele acaba virando um perseguidor, um "stalker", causando conflitos. "Os homens geralmente vão os locais de convívio da vítima e são mais ofensivos. Por outro lado, as mulheres adotam uma posição mais passiva", explica o psicólogo.
Problemas que o ciúme traz
De acordo com Rosostolato, o ciúme compulsivo torna a pessoa uma vítima do próprio sentimento. "Medo de perder, sensação de abandono por sentir-se enganado, uma iminente sensação de que vai ser traído. Rivalidade e disputa contra tudo e todos para assegurar e manter seu lugar ao lado de quem, supostamente, ama", diz ele.
Supostamente porque, com muita facilidade e erroneamente, sentimentos efêmeros e equivocados são criados e distorcidos, que pode ser entendido como o amor romântico. "As relações amorosas, baseadas no amor romântico, escravizam as pessoas. Ele idealiza e cria expectativas fantasiosas, além de um sentimento nocivo de exclusividade", explica ele.
Qual o limite do ciúme?
O psicólogo explica que o limite do ciúme é quando ele se torna insuportável, gera desconforto a ponto de se concretizar por meio de violência verbal, física e psicológica. Muitas vezes, podendo ser chegar ao extremo. "A pessoa ciumenta vive atormentada pela possibilidade de perda e de ser substituído por outro. Muitos pensam: 'se não posso ter, então ninguém mais terá' e, motivados por este pensamento destrutivo, matam o objeto de amor. Isso para tentar, desesperadamente, concretizar um ódio sustentado pela rejeição e para não confrontar com o fato de não ser unânime ou insubstituível", explica ele.
Ciúme é bom ou ruim?
Uns afirmam que o ciúme é um sentimento possessivo e destrutivo, já outros preferem adotá-lo como um gesto de cuidado e atenção em relação à pessoa amada. Já há os que defendem a ideia que quem ama sente ciúme, associando um conceito a outro. Talvez por isso, muitos vivenciem o amor como algo aprisionador e sufocante, pois, sentir ciúme é uma maneira de demonstrar seus sentimentos pelo outro.
Ainda de acordo com Rosostolato, sentimentos podem ser bons ou não. "Logicamente que cuidar, acolher, ter apego e viver uma grande paixão são fatores importantes para as pessoas, de modo geral, e, talvez neste contexto, o ciúme seja uma maneira de exacerbar o medo de perder a pessoa amada. Particularmente, considero o ciúme um grande malefício para os amantes, porque a vida a dois deve ser prazerosa e não uma luta diária", diz ele.
Para o professor, a vida a dois deve significar algo livre, desimpedido de regras sociais e conceitos retrógrados. Amar deve ser autônomo e emancipado de mentalidades antiquadas.
Como acabar com o ciúme?
Segundo o psicólogo, os relacionamentos amorosos podem ser muito melhores do que este modelo que aí está, sendo assim, o ciúme poderia ter fim. "Rever o pacto de exclusividade e a indissolubilidade, uma concepção absurda de eternidade, é preciso. As pessoas devem entender que a vida íntima do companheiro não lhes diz respeito. É não é cultivar a banalização, tampouco a libertinagem. O caminho é oposto", diz ele.
Muitos encaram a união amorosa como uma oportunidade única de serem felizes e atribuem à relação - e ao companheiro - a salvação de suas vidas. Para o psicólogo, é preciso mudar isso com outro comportamento. " Acho que esta cultura da escravidão do ciúme pode ser enfraquecida quando as pessoas associarem ao amor o respeito total pelas características do outro", finaliza ele.
Fonte: Yahoo Mulher
Fonte: Yahoo Mulher
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